Para quem como eu já anda nisto há muito tempo não há como o início do segundo dia para ver na removimentação do corpo focado no esforço das pernas que pedalam o sinal dos melhores augúrios. A viagem de regresso lento inicia-se na subida da Sertã em direcção ao sul, para Vila de Rei. Mas na vertigem da descida até à ponte sobre a Ribeira de Isna reconheço como a aceleração torna o espaço irrisório, tudo se decidindo então na fisicalidade que em mim parece absorver toda a paisagem. A nova subida ergue-me para o sol e quilómetros andados, para saber onde estou ,encosto a bicicleta a um sinal que agora não seguirei e faço uma foto testemunho. À minha direita ficará por ver a desconhecida terra de Relva de Boi. Uns quilómetros depois álcei-me até ao Picoto da Milriça dito e celebrado centro geodésico de Portugal. Fascinou-me a ideia de, em dia mais claro ,avistar a cem quilómetros de distância a Serra da Estrela. Em Vila de Rei recolho um detalhado e utilíssimo desdobrável que me encaminhará com segurança e em modo de novo descendente até á Zaboeira onde sem entusiasmo degusto uns breves achegãs que desmentem o Paraiso onde,Zêzere à vista, sou suposto estar.
O resto da tarde dediquei-o a chegar a Tomar onde cerca das cinco o simpático suburbano em
duas horas me devolveu à capital. A acreditar no conta quilómetros em dois dias de excursão terei andado a pedalar por 130km.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
o segundo dia
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Contra o vento
sábado, 18 de outubro de 2008
andar ao pairo
Sem grandes expectativas testo de novo a anunciada capacidade dos comboios de transpor tarem a bicicleta comigo.Desta vez quero ir para Tomar e subir depois o vale do Zêzere a pedalar por dois ou três dias. Digo para mim que nesta fase da minha vida tempo é o que não me falta. Há é claro essa coisa de já não ter vinte anos há uns bem medidos mais de quarenta. Mas agora não se trata disso nem sequer de reconhecer de passagem que atrás de um comboio outro comboio se esconde..
Na bilheteira em vez do bilhete dão-me um aviso/informação: o revisor é que decide se a bicicleta pode seguir. Em principio todos os sub-urbanos , regionais e interregionais levam bicicletas sem acréscimo de custo. Dirijo-me então para o cais de embarque e na falta de revisor à vista pergunto ao maquinista que termina o serviço. "Pode, pode -disse- tem é que ser na primeira carruagem ou na última"- Subo para a última e verifico que se trata de material novo ou renovado. O espaço destinado a bicicleta é sinalizado para transporte de cadeira de rodas. Nas correias pendentes prendo a roda da frente e espero a chegada de outros passageiros neste domingo enevoado. Conforme esperava dirigem~se sobretudo para destinos intermédios como Virtudes, Riachos ou Vale de Santarem. O revisor chega e emite um bilhete de oito euros e meio não sem antes se certificar que a bicicleta ali é do óbvio ciclista que o trage não ilude.